domingo, dezembro 12, 2004

Sem tempo até pra dormir

Povo freqüentador deste blog, estou aqui para avisar que não abandonei de forma alguma esta casinha, apenas não tenho tido tempo nem pra dormir esses últimos dias. Como isso ainda vai durar por pelo menos uma semana, vou presentear vocês com alguns textos que li, gostei e achei interessantes para postar em momentos oportunos. Esse aqui eu achei muito legal, principalmente por ter lido logo após ter voltado de Blumenau e ouvido muitas das coisas abaixo citadas. Divirtam-se!!

Língua brasileira

Bah! Chega de confusão...
Por Kledir Ramil

"Outro dia encontrei um mandinho, um guri desses que andam pela rua sem carpim, de bragueta aberta, soltando pandorga. Eu vinha de bici, descendo a lomba para ir na lancheria comprar umas bergamotas..."

Se você não é gaúcho, provavelmente não entendeu nada do que eu estava contando. No Rio Grande do Sul a gente chama tangerina de bergamota e carne moída de guisado. Bidê, que a maioria usa no banheiro, é o nome que nós demos para a mesinha-de-cabeceira, que em alguns lugares chamam de criado-mudo. E por aí vai. A privada nós chamamos de patente. Dizem que isso começou com a chegada dos primeiros vasos sanitários de louça, vindos da Inglaterra, que traziam impresso "Patent" número tal. E pegou.

Ir aos pés no RS é fazer cocô. Eu acho trielegante, poético. "Com licença, vou aos pés e já volto." Uma amiga carioca foi passear em Porto Alegre e precisou de um médico. A primeira coisa que ele perguntou foi: "Vais aos pés normalmente, minha filha?" Ela na mesma hora levantou e começou a fazer flexão.

O Brasil tem dessas coisas, é um país maravilhoso, com o português como língua oficial, mas cheio de dialetos diferentes.

No Rio é "E aí, merrmão? CB, sangue bom! Vai rolá umach paradach". Até eu entender que merrmão era "meu irmão" levou um tempo.

Em São Paulo eles botam um "i" a mais na frente do "n": "Orra meu! Tô por deintro, mas não tô inteindeindo." E no interiorrr falam um erre todo enrolado: "a Ferrrnanda marrrcô a porrrteira." Dá um nó na língua. A vantagem é que a pronúncia deles no inglês é ótima.

Em Mins, quer dizer, em Minas, eles engolem letras e falam Belzonte, Nossenhora e qualquer objeto é chamado de trem. Lembrei-me daquela história do mineirinho na plataforma da estação. Quando ouviu um apito, falou apontando as malas: "Muié, pega os trem que o bicho tá vindo."

No Nordeste, é tudo meu rei, bichinho, ó xente. Pai é painho, mãe é mainha, vó é vóinha. E para você conseguir falar com o acento típico da região, é só cantar sempre a primeira sílaba de qualquer palavra numa nota mais aguda do que as seguintes.

Mas o lugar mais curioso de todos é Florianópolis. Lagartixa eles chamam de crocodilinho de parede. Helicóptero é avião de rosca (que deve ser lido rôchca). Carne moída é boi ralado. Se você quiser um pastel de carne precisa pedir um envelope de boi ralado. Telefone público, o popular orelhão, é conhecido como poste de prosa e a ficha de telefone é pastilha de prosa. Ovo eles chamam de semente de galinha e motel é lugar de instantinho. E a pronúncia correta de d+e é "di" mesmo e não "dji" como a gente fala. Também t+i é "ti" e não "tchi". Dizem que vem da colonização açoriana, mas eu acho que essa pronúncia vem sendo potencializada pela influência do castelhano, com a invasão de argentinos no litoral catarinense sempre que chega o verão. Alguma coisa eles devem deixar, além do lixo na praia.

Em Porto Alegre, uma empresa tentou lançar um serviço de entrega em domicílio de comida chinesa, o Tele China. Só que um dos significados de china no RS é prostituta. Claro que não deu certo. Imagina a confusão, um cara pede uma loira às 2 da manhã e recebe a sugestão de frango xadrez com rolinho primavera. Banana caramelada! O que é que o cara vai querer com uma banana caramelada no meio da madrugada?

Tudo isso é muito engraçado, mas às vezes dá problema sério. A primeira vez que minha mãe foi ao Rio de Janeiro, entrou numa padaria e pediu: "Me dá um cacete!!!" Cacete para nós é pão francês. O padeiro caiu na risada e a chamou num canto, tentando contornar a situação. Ela ingenuamente emendou: "Mas o senhor não tem pelo menos um cacetinho?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário