domingo, março 20, 2005

O Feitiço do Tempo - 2ª parte

Começar de novo. Talvez o problema todo fosse não ter nem mesmo idéia de como fazê-lo. Se os dias pareciam iguais, se o ano novo ainda não havia começado (vide "O Feitiço do Tempo - 1ª parte"), talvez fosse porque era eu quem não sabia o que fazer, como jogar fora tudo que foi construído até então e recomeçar do zero. Talvez...

Às vezes, fechado em meu quarto sem saber o que fazer, sentia-me como um inútil social, alguém que não fazia sentido algum para o mundo em que vivia. Um fardo para a mãe, um namorado que não podia dar à namorada nem um décimo do que gostaria, não só por não ter dinheiro para isso, mas principalmente porque me sentir daquela maneira fazia com que nem mesmo minha cabeça e meu coração pudessem dedicar-se 100 % ao relacionamento.

Não que a Flávia tenha um dia reclamado de algo... Nesse ponto creio que não poderia ter encontrado alguém mais compreensiva, amiga, carinhosa e sem um pingo de egoísmo. Alguém que sempre acreditou em mim até mesmo quando eu deixei de acreditar. Dela não escutei um esboço sequer de reclamação, pelo contrário, foram sempre palavras de incentivo, de consolo, além de um respeito, dedicação e inúmeras demonstrações de carinho das quais eu não me achava merecedor. Porém, eu mesmo não conseguia me perdoar por receber tanto e poder dar tão pouco...

Da minha mãe não posso dizer menos, pois sei o quanto sofreu por todo esse tempo ao me ver perdido. Sei o quanto ela torceu, rezou e se esforçou ao máximo para ajudar-me a levantar a cada tombo que levava. Sei que sem ela eu não teria chegado inteiro até aqui, não teria sobrevivido à tudo, não teria mantido minha sanidade. E talvez tenha sido por ela e para ela que ainda estou aqui.

Contudo, eu sempre tive consciência de uma coisa: por mais ajuda que possamos receber, todos nós temos nossos próprios limites. E por mais que eu não soubesse ao certo qual era o meu, era certo de que estava próximo dele. Próximo demais...

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