segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Em busca do soneto perdido

Há muito tempo, numa galáxia distante (ou não), recebi de uma pessoa muitíssimo especial de quem até hoje lembro com muito carinho, um certo texto, como uma dedicatória em um livro. Por motivos que não valem a pena serem explicados aqui, não possuo mais esse livro e conseqüentemente também não possuo, ou melhor, não possuía, o tal texto. Pra piorar, não sabia qual era o título do mesmo e por conseguinte, não conseguia encontrá-lo na net.

Até que outro dia, procurando um texto do Veríssimo (o LF) pra mostrar à Flávia (logo eu posto aqui, acho esse texto genial), fui parar em uma página muito legal que possui vários textos de autores nacionais (em sua maioria) e estrangeiros. Eis então que resolvo clicar no nome do autor do texto que tanto queria e enfim encontro o que por tanto tempo procurei sem sucesso!

Como esse texto do mestre dos mestres, Mr. William Shakespeare, é maravilhoso, seria muito egoísmo de minha parte não compartilhá-lo com mais ninguém... Por isso, segue abaixo, primeiramente em português e logo após em seu original em inglês (arcaico), um dos poemas sobre amor mais lindos (senão o maior de todos) que já li:


Soneto 116

De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.


(Tradução de Bárbara Heliodora)



Sonnet 116

Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments. Love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove:
O no! it is an ever-fixed mark
That looks on tempests and is never shaken;
It is the star to every wandering bark,
Whose worth's unknown, although his height be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle's compass come:
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved.


William Shakespeare

(1564 - 1616)

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